terça-feira, 23 de setembro de 2008

Saudade e Lembranças



Podem parecer sinônimos.Idéia igual, mas diferente no sentir.Lembrança é da memória, saudade é da alma.Muitas lembranças, poucas saudades.Lembranças surgem com um cheiro, uma música,uma palavra...

Saudade surge sozinha, emerge do fundo do peito onde é guardada com carinho.Lembrança pode ser boa, mas quando não é, pode-se afastá-la convocando outra lembrança ou convocando outro pensamento para o lugar, ligando a TV ou lendo o jornalSaudade é sempre boa, mesmo quando dói, e não se apaga mesmo que outra pessoa tente ocupar o lugar vazio. Ela pode coexistir com um novo amor, sem machucá-lo.Lembrança é de algo real, de um lugar, de uma época, uma pessoa

Saudade pode ser do que não houve, de uma possibilidade, de lábios jamais tocados.Lembrança pode ser contada, medida, localizada, e com algum esforço, pode até ser calculada com uma fórmula matemática, ao gosto dos engenheiros.

Saudade é dos poetas, é pautada em rimas e melodias; vontade de ver outra pessoa, segundo os poetas, teria outro nome, seria uma saudade com tempero, eu acho.Lembrança pode ser sem som, pode não doer.Saudade jamais é sem som.

Se ela não vier com música de fundo, a gente coloca, só para ficar mais bonita, mais gostosa de sentir, para preencher mais a alma vazia.Lembrança vence a morte, mas conforma-se com a ausência, respeita convenções.

Saudade ignora a morte, vence distâncias, barreiras e preconceitos.Lembrança aceita nosso comando, vai e volta quando queremos.Saudade é irreverente, independente e auto suficiente.

(Flávio de Angelis)

Um comentário:

Antonio Ozaí da Silva disse...

lindo! belo! inspirante!
já estou com saudades de você...

beijos...